domingo, 26 de dezembro de 2010

Sempre um buraco mais no fundo


Analisando pelo meu estreito e humilde prisma de experiências e estudos na área da educação, só consigo perceber uma coisa: quando buscamos compreender como ou por onde se dá, hoje, o interesse dos alunos pela busca do conhecimento, vemos que há sempre um buraco mais embaixo... Será que temos que adquirir as qualidades de um tatu para cavar e cavar e cavar até chegar a uma terra de gigantes? Os nascidos na geração contemporânea já vieram ao mundo conectados a uma realidade dual: a "real" propriamente dita e a virtual... A comunicação verbal oral e gestual, tão imediata já a partir do útero da mãe, passa a ter menos peso após o momento em que a criança se senta diante de um computador. A maneira de comunicar-se muda e o indivíduo passa horas a fio mais distante do mundo natural... Deixa de tomar sol, de caminhar descalço, de sentir a brisa, de olhar o céu, de brincar com os bichinhos de estimação... Quando, na escola, falamos de meio-ambiente, parece que falamos de algo que já nem existe mais. A internet pode ser um recurso para acessar esse mundo, mas como torná-lo real e atraente para quem vive distante dele? Hoje, até os super telescópios são quem observam diretamente o céu. O ser humano já não tem esse "tato" direto; senta-se numa cadeira e lê os dados numéricos e fotográficos enviados por essas super lentes. Diante disso, como desenvolver o interesse pelo meio-ambiente num mundo de comunicação principalmente virtual, em que a tecnologia intermedia e também isola os contatos humanos entre humanos e natureza? Quando falamos que não existem computadores sem a energia extraída dos meios naturais, muitos nos olham como se estivessem vendo um ETE. A orientação para o tempo e modo de uso da internet seria um ponto importante a se considerar, mas cada vez mais somos solicitados a nos sentar diante do computador e nos servir da rede para fazer inscrições, preencher cadastros, atualizar currículos, etc. Quando nos damos conta, ficamos além do que pretendíamos conectados. Se nem nós adultos conseguimos fugir às garras pegajosas da rede, como realmente podemos orientar crianças e adolescentes para que organizem seu tempo e compreendam que também o contato com o mundo "extranético"é importante e interessante?

(Lara J. Lazo)

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